Um ano atrás, Britney Spears fazia exames de verificação de consumo de drogas e álcool, sob ordem judicial, havia demitido seus assessores, estava perdendo a guarda de seus filhos, e alguns jornalistas já redigiam seu obituário.
Nesta semana, ela cuidava de seus filhos como faria qualquer mãe quando levou Jayden James, de 2 anos, ao hospital depois de o menino sofrer uma reação negativa a alguma coisa que comeu. Quanto a sua carreira, há apenas uma semana ela estava no palco, apresentando-se ao lado de Madonna, e à beira de uma volta por cima musical extraordinária.
Observadores da indústria do entretenimento se perguntam se Spears, 26 anos, conseguirá reconquistar os fãs jovens e volúveis que já se acostumaram a vê-la desmontar, ou se conseguirá descrever uma volta por cima como fez a diva pop Mariah Carey, que passou vários anos em baixa até voltar para o topo das paradas em 2005 com o álbum "The Emancipation of Mimi".
"As pessoas só conseguem um número 'x' de chances de volta por cima, e este é sem dúvida um daqueles momentos 'agora ou nunca'", opinou Ellen Carpenter, editora sênior da revista Spin.
Dez anos depois de surgir no palco mundial como uma cantora espevitada de 17 anos, com canções de sucesso que incluíram "... Baby One More Time", Britney parece ter arrancado sua vida e sua carreira do abismo com um single de sucesso, um novo álbum que será lançado em dezembro, um documentário e a possibilidade de sua primeira turnê desde 2004.
O primeiro single de seu álbum "Circus" (que chegará às lojas em 2 de dezembro), "Womanizer", foi um indicativo positivo. Chegou ao topo da parada Hot 100 de singles da Billboard, em outubro, e foi número um nas paradas iTunes do Canadá, França, Espanha e Suécia.
Mas, numa era de quedas nas vendas de discos, o dinheiro grande na indústria musical hoje é ganho em apresentações ao vivo. A expectativa é que Britney, que desde 2005 se apresentou ao vivo apenas um punhado de vezes, lance uma turnê mundial no início do próximo ano.
"No ambiente econômico atual, nada é sucesso garantido", disse Gary Bongiovanni, editor da revista de concertos Pollstar.
"Quando um artista fica longe dos palcos por alguns anos, é impossível saber até que ponto o público se afastou em outra direção. Só se fica sabendo depois de colocar os ingressos à venda", disse ele.
Britney estampou manchetes por todas as razões erradas em 2007 e no início deste ano -- raspou a cabeça, foi flagrada sem calcinhas em festas, hospitalizada duas vezes para avaliação psiquiátrica, perdeu a guarda dos filhos e faz uma performance risível no MTV Awards.
Enquanto a jovem e sexy popstar que vendeu mais de 60 milhões de discos em sua época áurea dava lugar a uma divorciada desgrenhada e de comportamento errático, seu obituário musical e pessoal começou a ser redigido.
"No ano passado, a impressão que se tinha era que ela nunca mais conseguiria se recuperar. Seu desmonte foi maior que o de qualquer outra pessoa, até mesmo Michael Jackson", disse Ellen Carpenter. "Não sei se há alguém na música pop que já tenha caído tanto e depois se recuperado."
Mas desde fevereiro, quando o pai de Britney, Jamie Spears, assumiu as rédeas de seus assuntos profissionais e pessoais, a cantora voltou a trabalhar com o empresário que a transformou em estrela, conquistou três prêmios MTV Video Music, gravou seu sexto álbum em estúdio e relançou seu Web site.
Ela vai celebrar o lançamento de "Circus" com um documentário de TV sobre sua fase mais negra, que irá ao ar em 30 de novembro, e, no dia de seu 27o aniversário, uma participação no programa de entrevistas "Good Morning America".
Mesmo assim, para Gary Bongiovanni, pode ser difícil para os fãs diferenciarem Britney Spears, a popstar, de Britney Spears, o problema pop. "Será que vão vê-la por acharem que um desastre de trem está para acontecer ou porque realmente gostam da música dela?", perguntou.
Texto: Jill Serjeant - Reuters - UOL Música
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